Apesar da alta incidência solar, DF produz pouca energia fotovoltaica
27/02/2019 10:04 em Tecnologia

Apesar da alta incidência solar, DF produz pouca energia fotovoltaica

  • A tecnologia tem o alto custo de instalação como uma barreira
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O Distrito Federal tem o melhor recurso solar para geração de energia fotovoltaica do país, mas ocupa o 15º lugar no ranking das unidades federativas que investem na tecnologia, segundo levantamento da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), representante das empresas do setor. As principais dificuldades para instalar o modelo nos telhados da capital é o alto valor de investimento e a falta de subsídios e financiamentos, principalmente para pessoas físicas.
 
No DF, há 771 consumidores gerando a própria energia, uma potência de 10,18mw, 2% do Brasil, que gera 674mw. Um estudo feito pela Universidade de Brasília (UnB) em parceria com a organização não governamental WWF e a Absolar, em 2016, apresenta a possibilidade de os moradores da capital federal gerarem a própria energia elétrica, barateando custos para o governo e a população. O levantamento ressalta que a região é beneficiada pela incidência solar, com grande período de seca.
 
O estudo apresenta cálculos com base na área dos telhados do DF. Segundo o levantamento, por exemplo, um prédio residencial da Asa Sul com seis andares e 48 apartamentos, com cerca de 1.250 m² de topo precisa de cerca de 40% desse espaço para gerar toda a energia consumida pelas unidades habitacionais. O trabalho aponta, ainda, que os telhados de 12% dos imóveis da capital seriam suficientes para gerar 100% da energia elétrica residencial do DF.
 
"De 2010 a 2018, a energia solar se tornou 83% mais barata, isso mostra a competitividade crescente dessa solução. O DF precisa avançar em incentivos e ações de suporte para o desenvolvimento da tecnologia", diz o presidente executivo da Absolar, Rodrigo Sauaia. Para ele, o governo precisa reduzir a carga tributária sobre o segmento de mercado e estabelecer metas para a ampliação do uso dos geradores.
 
“Também tem que simplificar o licenciamento ambiental, para tornar mais ágil o processo de investimento e instalação da tecnologia e desenvolver linhas de financiamento com os bancos estaduais”, acrescenta.
 

Economia

Osiris Vargas Pellanda, 42 anos, e a mulher, Tatiana Malta Vieira, 43, por exemplo, gastaram cerca de R$ 52 mil para gerarem a energia na casa onde moram, no Lago Sul. Desde então, a conta da CEB caiu de R$ 1 mil para R$ 160 mensais, aproximadamente. As placas duram 25 anos e o casal e os três filhos recuperarão o investimento em seis anos. 
 
Além da parte financeira, há a preocupação com o meio ambiente. “Moramos em uma cidade com uma incidência solar privilegiada e, tendo condições, fazer esse investimento é importante para nos mantermos sustentáveis. Temos um sistema paralelo para aquecimento de toda a água da casa”, detalha Osiris.
 
A Casa Thomas Jefferson instalou painéis nas unidades da Asa Norte, Asa Sul e Lago Sul. A meta é produzir eletricidade para alimentar também as unidades do Sudoeste, Águas Claras e Taguatinga. A redução com os gastos na 606 Norte é de 90%.
“O investimento traz benefício financeiro e um alinhamento com a questão ambiental”, afirma Fernanda Barros, coordenadora de infraestrutura e patrimônio da Thomas.
 
Duas estações do Metrô-DF (Guariroba, em Ceilândia, e Samambaia Sul) têm, juntas, 1.139 painéis geradores, economizando uma média de R$ 26 mil por ano. A primeira recebeu os equipamentos em outubro de 2017 e a segunda, em dezembro último. Em ambos os casos, a expectativa é de que os edifícios produzam 100% da eletricidade que consomem.
 

Regulamentação

A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) criou as condições legais para a tecnologia no mercado em 2012. O diretor-geral da agência, André Pepitone da Nóbrega, diz que o model é considerado uma novidade no setor elétrico brasileiro. “A geração no local do consumo reduz perda, infraestrutura do sistema, sem falar nos benefícios ambientais”, comenta.
 
As placas são feitas de silício, mesmo material da areia da praia e o segundo mais abundante do planeta “Hoje, estamos diversificando a matriz. A hidráulica é 63% da produção; a biomassa, 10%; as usinas de derivados do petróleo, 16%; a eólica 9%; a nuclear, 1%; e a fotovoltaica, 1%”, enumera Pepitone.
 
Érico Hoff, da Gerência de projetos e vistoria da CEB, diz que as concessionárias terão que se adaptar ao novo modelo. Ele afirma que a CEB avalia os projetos “com o máximo de agilidade”. “A médio prazo, esse tipo de geração vai diminuir o nosso faturamento.
Temos de trabalhar com a Aneel para que a regulamentação minimize os prejuízos das distribuidoras”, ressalta Hoff.
 
 

Capacidade

 
O Brasil tem capacidade para se tornar uma potência em geração desse tipo de energia. Aqui, o índice de radiação solar, usado para ver o potencial de geração de energia elétrica em kilowatts por hora por m² durante um ano, vai de 1500 a 400kw/h/m2/ano. Na Alemanha, o país que mais usa a tecnologia, o pontencial máximo é de 1250kw/h/m2/ano.

 

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