O museu do Senegal que quer ‘descolonizar’ a cultura africana
09/12/2018 15:00 em Mundo

Com 14 mil metros quadrados, Museu das Civilizações Negras celebra arte, história e influência que vêm da África 

Arte, cultura e influência africanas são os temas do Museu das Civilizações Negras inaugurado em Dakar, capital do Senegal. A instituição tem 14 mil metros quadrados de espaço expositivo, totalizando capacidade para 18 mil itens. As dimensões são comparáveis ao Museu Nacional de História Afro-Americana, em Washington, nos Estados Unidos. Inaugurado pelas autoridades do país em 6 de dezembro de 2018, ele estará aberto ao público em algumas semanas. Entre as mostras disponíveis no museu está “Africa Now” de arte africana contemporânea, e “The Caravan and the Caravel”, sobre o comércio escravo através do Oceano Atlântico e do Deserto do Saara. “Women of the Nation” (mulheres da nação, em tradução livre) é uma exibição que retrata mulheres de ascendência africana, como a ativista americana Angela Davis. Na coleção, há trabalhos de artistas do Mali, Burkina Faso, Cuba e Haiti. O museu foi parcialmente financiado com dinheiro chinês, em mais uma demonstração da influência do país asiático em projetos africanos. Foram US$ 34 milhões aportados pelos chineses para o projeto.

Devolução de artefatos

A ideia do museu data de 1966, quando o então presidente do Senegal, Leopold Senghor, propôs a construção de uma instituição dedicada ao patrimônio cultural das civilizações da África negra. Devido a dificuldades financeiras, o projeto se arrastou por décadas.

FOTO: DIVULGAÇÃO ARTISTA HAITIANO PHILIPPE DODARD AO LADO DE SUAS OBRAS. TRABALHOS ESTÃO NO MUSEU DAS CIVILIZAÇÕES NEGRAS  

Ao lado de outros líderes africanos do início do período pós-colonial, Senghor pregava o orgulho da negritude e o fortalecimento da identidade africana desvinculada do paradigma eurocêntrico. Segundo o curador do museu, Babacar Mbow, a instituição vem para “finalizar a descolonização da sabedoria que cabe à África”. Recentemente, museus europeus realizaram um movimento para devolver peças africanas para o continente. O presidente francês Emmanuel Macron anunciou que seu país iria devolver 26 artefatos levados do Benin em 1892, incluindo tronos e estátuas

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